Ansiedade Infantil: A psicóloga Tuany Oliveira Explica Como a Terapia Pode Ajudar
A terapia tem se tornado cada vez mais relevante para todas as idades, principalmente em tempos de desafios emocionais crescentes. Para falar sobre o impacto da ansiedade em crianças e a importância do cuidado terapêutico desde cedo, conversamos com a psicóloga e neuropsicóloga Tuany Oliveira, conhecida por seu trabalho dedicado ao público infantil, adolescente e adulto, com uma abordagem focada na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC).
Revista Auge: Tuany, o que você considera mais importante sobre o papel da terapia na vida das pessoas?
Psi. Tuany Oliveira: A terapia é uma ferramenta poderosa que permite às pessoas se conhecerem melhor, entenderem suas emoções e, principalmente, aprenderem a lidar com os desafios que a vida traz. É importante destacar que buscar terapia não é apenas para resolver crises ou problemas graves. Muitas vezes, é uma forma de prevenção e cuidado com a saúde mental. No caso das crianças, por exemplo, a terapia ajuda no desenvolvimento emocional saudável, permitindo que elas enfrentem situações difíceis com mais resiliência e equilíbrio.
Auge: Nos últimos anos, especialmente com a pandemia, a ansiedade infantil se tornou um tema muito discutido. Como você tem observado essa questão no seu trabalho?
Tuany Oliveira: Sem dúvida, a ansiedade infantil se tornou uma das queixas mais frequentes nos consultórios. A pandemia acelerou muitos desses casos, porque as crianças foram expostas a um ambiente de incertezas, com isolamento social e mudanças bruscas na rotina, o que aumentou o nível de estresse delas. Mesmo após o retorno às atividades normais, muitos pais ainda observam que os filhos têm dificuldades em se adaptar ao ambiente escolar e social. A ansiedade, que antes era vista como uma condição típica dos adultos, tem se mostrado um desafio significativo também para os pequenos.
Auge: Como os pais podem identificar os sinais de ansiedade em seus filhos?
Psi. Tuany Oliveira: A ansiedade em crianças pode se manifestar de formas diferentes. Muitas vezes, ela é confundida com birra, desobediência ou timidez. No entanto, sinais como dores físicas constantes (como dor de cabeça ou estômago), recusa em ir à escola, dificuldades para dormir sozinhas ou medo excessivo de serem separadas dos pais são indicativos de que algo pode estar errado. É importante que os pais observem essas mudanças de comportamento e estejam abertos a buscar ajuda profissional para que a criança possa lidar com suas emoções de maneira adequada.
Auge: Quais são os tipos mais comuns de transtornos de ansiedade em crianças que você costuma tratar?
Tuany Oliveira: Alguns dos transtornos de ansiedade mais comuns entre as crianças são o Transtorno de Ansiedade de Separação, onde a criança tem medo intenso de se afastar dos pais; o Transtorno de Ansiedade Generalizada, que envolve preocupações excessivas com vários aspectos da vida; e o Transtorno de Ansiedade Social, no qual a criança evita interações sociais por medo de ser julgada. Além disso, também encontramos casos de Transtorno do Pânico, onde ocorrem crises súbitas de medo intenso, acompanhadas de sintomas físicos. Esses transtornos podem interferir no desenvolvimento da criança e impactar sua vida escolar e social.
Auge: Além dos transtornos, a pandemia trouxe novos desafios para a saúde mental das crianças. Você acredita que esses efeitos ainda são perceptíveis?
Psi. Tuany Oliveira: Sim, ainda estamos vendo os impactos prolongados da pandemia na saúde mental das crianças. Durante o isolamento, muitas perderam a oportunidade de socializar com amigos e viver experiências essenciais para o desenvolvimento emocional. Isso gerou um aumento nos níveis de ansiedade, e ainda hoje, após alguns anos da retomada das atividades presenciais, algumas crianças ainda lidam com as consequências da pandemia.
Auge: Outro ponto que tem sido muito discutido é o uso excessivo de telas, especialmente entre as crianças. Como isso pode afetar a saúde emocional delas?
Tuany Oliveira: O uso excessivo de telas é um dos grandes vilões na saúde mental infantil atualmente. Durante a pandemia, esse uso aumentou de forma expressiva, com muitas crianças utilizando dispositivos eletrônicos tanto para estudar quanto para se distrair. Isso gerou um despertamento intenso para o uso de telas, no qual ainda prevalece, aumentando os níveis de estresse e ansiedade, além de problemas no sono. Quando as crianças passam muito tempo em frente às telas, principalmente em redes sociais ou consumindo conteúdos inadequados para a idade, o cérebro fica sobrecarregado de estímulos, e isso pode prejudicar o desenvolvimento sócio emocional delas. É fundamental que os pais estabeleçam limites para o uso das tecnologias e incentivem atividades mais saudáveis, como brincar ao ar livre ou ler um livro.
Auge: Como os pais e cuidadores podem ajudar suas crianças a lidar melhor com a ansiedade?
Tuany Oliveira: A presença dos pais é essencial no processo de enfrentamento da ansiedade. O primeiro passo é oferecer um ambiente acolhedor, onde a criança se sinta segura para expressar seus medos e preocupações. Além disso, é importante criar uma rotina equilibrada, com tempo para brincadeiras, atividades físicas e momentos de descanso longe das telas. Quando necessário, buscar a ajuda de um psicólogo especializado, como é o caso da terapia cognitivo-comportamental, pode fazer toda a diferença. A TCC ajuda a criança a entender e lidar melhor com seus sentimentos, oferecendo ferramentas para enfrentar os desafios emocionais de forma saudável.
Auge: Qual seria sua mensagem final para os pais que estão enfrentando esses desafios com seus filhos?
Psi. Tuany Oliveira: Eu diria para os pais que cuidar da saúde emocional das crianças é tão importante quanto cuidar da saúde física. Ao buscar ajuda e oferecer apoio, eles estão criando uma base sólida para o desenvolvimento saudável dos filhos. A terapia é uma forma de proporcionar a essas crianças um espaço seguro onde elas podem se conhecer melhor, enfrentar seus medos e aprender a lidar com as dificuldades da vida de maneira mais leve e equilibrada. Nunca é cedo demais para começar a cuidar da saúde mental, e o papel dos pais nesse processo é crucial.
Auge: A conversa com a Psi. Tuany Oliveira deixa claro que o acompanhamento terapêutico desde a infância pode transformar vidas. Se você identificar sinais de ansiedade em seu filho, não hesite em buscar ajuda. O cuidado com a saúde emocional é uma jornada que vale a pena para garantir o bem-estar e o desenvolvimento saudável de nossas crianças.
Tuany Oliveira – Psicóloga CRP-03/20002
Instagram: @tuanyoliveira.psi
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