No mês de março, a Auge vai dedicar suas sexta-feiras a homenagear mulheres inspiradoras da nossa região. Para começarmos essa série de perfis femininos, vamos contar a história de Sued Nunes, cantora e compositora que vem se destacando no cenário da música contemporânea.
Sued Nunes, nome que ao contrário se escreve Deus, é um grande fenômeno e revelação da música baiana. Filha do Recôncavo baiano, natural da cidade de Sapeaçu, a jovem compositora e cantora de 22 anos, começou sua carreira cantando na igreja, depois passou a cantar em bares. Em 2018, ingressou na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), no curso de Serviço Social e, posteriormente, migrou para a licenciatura em História. Mesmo sendo estudante, a música sempre foi seu foco e maior sonho.
O trabalho da cantora traz referências de suas experiências e trajetória enquanto mulher, negra, baiana e de candomblé. Suas músicas falam sobre ancestralidade, representatividade e pertencimento.
Segundo Sued, as músicas trazem a sua história e do seu povo, com influências na musicalidade de artistas e grupos baianos como Margareth Menezes, Lazzo Matumbi, Cortejo Afro, Márcia Short, Olodum e Baiana System.
Além das inspirações musicais, neste mês dedicado as mulheres é importante destacar, a fala da cantora de como o matriarcado e a criação de sua mãe e avô são importantes para sua formação:
“Quando você me perguntar quem são as mulheres que me inspiram, eu falo essas antes mesmo de pensar em nomes e referências musicais. São mulheres que eu vejo de longe e tenho uma consideração de olhar como inspiração para a minha história. Primeiro são as que estão ao meu redor que fizeram essa roda de proteção ancestral para que hoje eu estivesse viva, com saúde e de pé.”
Ela encontrou arte em na sua vida muito cedo, ou como Sued prefere falar, que a música e a arte que a encontrou ao invés do contrário. Logo na infância ela ganhou um violão de seu pai, onde descobriu os acordes, já que ele tinha o costume de colocar a jovem sentada ouvindo radio para escutar as músicas e ir exercitando no instrumento. Durante as brincadeiras, a Sued criança já tinha uma noção de onde chegaria:
Eu e meu primo Vinícius, a gente ficava em um batente aqui na porta de mainha , um batente que tem aqui na varanda, e eu ficava com o machucador na mão e ele ficava dançando atrás porque era meu dançarino e embaixo tinha várias plantas que a gente ficava simulando ser as pessoas. E aí eu fico pensando assim como a Sued daquela época, ela não sabia o que estava por vir, mas ela já sabia qual era seu lugar de conforto.
A trajetória de sucesso
Em uma breve pesquisa pelo nome de Sued no ‘Google’, você encontra de cara um link para o site da Vogue Brasil, em janeiro deste ano. A jovem cantora foi colocada pela publicação entre os 3 nomes da cena baiana que você deve adicionar na sua playlist. A lista conta também com Melly e Rachel Reis
Seu primeiro trabalho lançado no Youtube foi o single “Velejo”. A produção do videoclipe só foi possível porque a cantora ganhou uma promoção realizada através de uma produtora. A música, lançada em 2019, acumula mais de 47 mil visualizações na plataforma.
No ano de 2021, em meio à pandemia, Sued lançou seu primeiro álbum intitulado “Travessia”, produzido pela Mungunzá Records. A obra conta com 13 músicas autorais, carregadas de uma poética única. Em algumas faixas têm as participações de sua mãe e avó. Vale a a pena escutar:
A música “Povoada”, presente no álbum, viralizou no TikTok com quase 400 mil visualizações na rede, a canção é replicada e ganhou diversos vídeos feitos por pessoas adeptas das religiões de matriz africana. O clipe da música no YouTube conta com quase 700 mil views e aproximadamente 1,2 milhões de plays no Spotify.
Compartilhe, escute e conheça essa artista que tem ganhado o Brasil, acompanhando Sued Nunes também no Instagram: @suednunes.
