DE OUTROS CARNAVAIS
“É muito importante preservar as manifestações culturais e festas tradicionais de cada cidade, porque é através disso que a identidade de cada lugar se constrói, porque fortalece o sentimento de pertencimento do seu povo”, afirma Silvia Brito (59), secretária de cultura de Santo Antônio de Jesus.
Faustino Cunha (89), o primeiro vice-prefeito da cidade das palmeiras, relatou, com bastante afeto, o tempo das antigas festas de carnaval que animavam o povo santoantoniense. “Aqui nós tínhamos a micareta, uma festa antiga e de muita influência que trazia artistas famosos, carnavalescos, com trio elétrico. Era um grande carnaval que acontecia principalmente na rua das 4 Esquinas, na praça Padre Mateus, e também no local que atualmente se chama Praça do Táxi”.
A micareta, que geralmente acontecia após o carnaval, não tinha muitos foliões, mas sim, blocos que entusiasmavam toda a cidade. Como o som do Jegue Trio, que era muito querido e esperado por todos. “O Jegue Trio foi criado por Bonfim Mercês, e teve uma grande influência em Santo Antônio de Jesus e em cidades vizinhas. Eles foram tocar em vários lugares, de fato era como se fosse uma cultura santoantoniense”, relembra Faustino.
No entanto, a micareta da cidade deixou de existir por conta do crescimento do São João, que passou a ser a maior festa da cidade. “Porque o homem do campo gostava mais do São João, por conta da influência da zona rural”, explica o antigo vice-prefeito.
Já na cidade de Amargosa, Carlitos Muñoz (47), diretor de cultura de turismo, ressalta a importância da manifestação cultural do carnaval proposta pelo grupo das Caretas. “Todo mundo tem na sua memória a recordação das Caretas, e isso não se perdeu ao longo dos anos. Isso é bonito de ver, que Amargosa no carnaval não se deixou influenciar por outras tendências musicais”.
“É uma manifestação muito bonita, bem cultural e pertencente ao próprio povo. Estamos escrevendo esse ano a Lei do Patrimônio Cultural de modo geral para incluir nisso o carnaval de Amargosa, para que a gente consiga preservar e fomentar politicamente essa manifestação tão rica e tão peculiar que é a Careta e o carnaval amargosense”, finaliza Carlitos.
Victoria Mercês
01/03/22