PARTICIPANTE DO QUADRO DO DOMINGÃO MORRE DE DENGUE HEMORRÁGICA
O casal Jhonatan Wiliantan da Silva e Daniel Rocha Braz, de Rio Claro (SP), tinha o desejo de aumentar a família e, no ano passado, decidiu adotar cinco irmãos, para evitar que as crianças fossem separadas. No início deste mês, porém, a família diminuiu após a morte de Jhonatan, 28, devido à “dengue hemorrágica”, como é popularmente conhecida a forma mais grave da doença.
A história foi exibida na edição deste domingo (26) do The Wall, quadro do Domingão com Huck (Globo), e repercutiu nas redes sociais.
Em seu perfil no Twitter, o apresentador Luciano Huck compartilhou o link de uma vaquinha virtual para ajudar Daniel com os custos da família e disse que a exibição do programa foi uma “forma de honrar a memória do Jhonatan”. O participante morreu no dia 4 de março, pouco tempo após gravar o programa.
No Brasil, o vírus da dengue é transmitido pela fêmea do mosquito Aedes aegypti e pode causar tanto a manifestação clássica da doença quanto a forma mais grave.
O QUE É DENGUE HEMORRÁGICA?
O infectologista Gerson Salvador, médico-assistente da Divisão de Clínica Médica do Hospital Universitário da USP, explica que, na maioria das vezes, o vírus da dengue causa febre alta e dor, mas “se resolve espontaneamente” dentro de uma semana. “Entretanto, algumas pessoas apresentam uma segunda fase da doença, mais grave, que pode causar alterações em vários órgãos, inclusive causar hemorragia e levar à morte”, diz o infectologista.
Foi difícil contar essa história hoje. A pedido da família, exibimos o The Wall como forma de honrar a memória do Jhonatan. Bora juntos ajudar a família?
Se puder ajudar, clica aqui: https://t.co/vQnItyPA4y#Domingão pic.twitter.com/JF72BAxJ8A
— Luciano Huck (@LucianoHuck) March 26, 2023
Em 2009, o termo “dengue hemorrágica”, contudo, foi substituído por “dengue grave” pela OMS. A mudança, explica Salvador, tem relação com o fato de que muitas pessoas que morrem de dengue não têm sangramentos. O que acontece com frequência é que seus vasos sanguíneos ficam mais permeáveis e o plasma do sangue, que é responsável por transportar os anticorpos, acaba “escapando”. “Isso causa piora na perfusão dos órgãos e faz cair a pressão arterial, num quadro que chamamos de choque”, diz o médico.
Hemorragias incontroláveis ou alterações no fígado, coração e sistema nervoso ou edema (inchaço) nos pulmões também podem levar uma pessoa com dengue à morte.
SINAIS DE ALERTA
- Vômitos persistentes
- Dor abdominal
- Hipotensão postural (queda súbita na pressão arterial quando o indivíduo se levanta ao estar sentado ou deitado)
- Hemorragias (na gengiva, por exemplo)
Na presença de qualquer um deles, a recomendação é procurar imediatamente atendimento médico. Só quem já teve dengue uma vez pode ter “dengue hemorrágica”? Não necessariamente, mas a maioria dos casos de dengue hemorrágica ocorre em pessoas anteriormente infectadas por um dos tipos do vírus.
Entenda abaixo:
- Existem quatro sorotipos diferentes do vírus da dengue (tipos 1, 2, 3 e 4). Os sorotipos que estão mais associados a casos graves são o 2 e o 3 –não há informações sobre o tipo que levou à morte de Jhonatan ou seu histórico de infecções.
- Se uma pessoa é infectada pela primeira vez por um desses tipos, seu sistema imunológico irá produzir anticorpos apenas contra ele. Ou seja, se alguém teve o sorotipo 1, por exemplo, estará protegido contra o tipo 1, mas ainda pode pegar os tipos 2, 3 ou 4.
- Uma infecção secundária, no entanto, pode levar a um aumento da gravidade. E a “culpa” pode ser dos anticorpos gerados pela primeira infecção: eles têm um papel em uma resposta desregulada do organismo que causa piora da pessoa doente.
“Esses anticorpos formam complexos que são capazes de se ligar aos vírus e entrar nas células com muito mais facilidade”, explica Leandro Gurgel, que faz parte do Ladic (Laboratório de Biologia Molecular de Doenças Infecciosas e do Câncer) da UFRN.
“Com mais carga viral, é ativado um grupo de moléculas que corroboram com esse efeito de prejuízo às células dos vasos sanguíneos, levando ao extravasamento do plasma”, diz Gurgel, que é doutourando pela Fiocruz-RJ. Se não houver uma reposição do plasma rapidamente, explica o pesquisador, o quadro pode levar a pessoa à morte.