A preocupação com o bem-estar psicológico das mulheres durante a gestação, parto e pós-parto levou a psicóloga Tuany Oliveira a atuar em um campo ainda pouco explorado em Santo Antônio de Jesus. A psicologia perinatal e infantil envolve também a outra ponta do cuidado com a saúde mental: auxiliar os pais no ensino sobre a sexualidade dos seus filhos e na prevenção do abuso sexual. De acordo com a psicoterapeuta, o pré-natal psicológico, acompanhamento na cena do parto e no puerpério pode ajudar a prevenir a depressão pós-parto e a melhorar a saúde mental da mãe. “Ao se tornar mãe, a mulher pode apresentar sofrimento psíquico por estar alternando papeis. Algumas não conseguem lidar sozinhas com a infertilidade, ou diante da perda gestacional, de alguma intercorrência na gravidez ou no parto”, considera. “A gravidez de alto risco, a depressão pós-parto, o papel do pai e o acompanhamento da criança podem também ser razões para esse sofrimento”, pontua. Entre 50 e 70% das puérperas são acometidas de um estado depressivo mais brando chamado “baby blues”, segundo o Ministério da Saúde. “A maioria das mulheres não têm diagnóstico e não recebem cuidado e tratamento específicos”, revela Tuany Oliveira. Aproximadamente 20% das puérperas sofrem com a depressão pós-parto, condição ainda mais aguda do problema.
SEXUALIDADE
A psicóloga Tuany Oliveira alerta, ainda, sobre a importância de tratar a sexualidade e ensinar sobre educação sexual às crianças para prevenir casos de violência. “A sexualidade é a forma como percebemos e nos relacionamos com os outros. Ela envolve aspectos físicos, mentais, sociais, espirituais, dentre outros e é influenciada por tudo que nos cerca”, explica. Em maio deste ano, um relatório da organização não governamental (ONG) World Vision estimou que até 85 milhões de crianças e adolescentes, entre 2 e 17 anos, poderiam se somar às vítimas de violência física, emocional e sexual nos três meses seguintes de isolamento social em todo o planeta. “Histórias de abuso sexual podem acarretar sofrimento, comprometer o desenvolvimento da criança e levar a pessoa a ter dificuldade de relacionamento na fase adulta. Quanto mais cedo se busca ajuda, menos danos a pessoa terá”, conclui.
