O espartilho (ou corset) surgiu em meados do século XVI, na Europa. Desde então, ele passou por uma série de mudanças, shapes e customizações, mas sua versão original nunca saiu completamente de moda, como prova a família Kardashian-Jenner e as ex-BBBs Larissa Santos e Bruna Griphao.
No Met Gala de 2019, Kim Kardashian usou um espartilho que a deixou a silhueta “ampulheta” bem evidente. No baile deste ano, foi a vez de Kylie Jenner surpreender em um vestido que também afinou sua cintura.
Nas redes sociais, ela foi criticada pelos internautas ao aparecer em um vídeo “sofrendo” para colocar o corset: “A indústria de beleza é tão obscura”, comentou uma internauta. “Respirar? Para quê?”, ironizou outra.
O acessório pode até render belos looks, mas quando a busca por beleza compromete a saúde é preciso se atentar às recomendações médicas. Para comentar sobre os riscos à saúde que o espartilho pode causar, o gshow conversou com Victor Pacheco, médico ortopedista e membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT).
Usar espartilho faz mal?
Sim, e os motivos são vários e graves. O corset pode ser feito de material maleável ou rígido, estrutural e com amarrações que permitem “modelar” a silhueta. Portanto, o acessório preenche todas as características para causar uma possível compressão vascular e, consequentemente, uma série de problemas graves.
“A pressão dentro da cavidade abdominal vai ser aumentada, o que vai dificultar o fluxo sanguíneo para os órgãos”, explica Pacheco.
Dito isso, com o uso constante a médio ou longo prazo, a pressão do dispositivo pode causar:
- Dificuldade para respirar;
- Varizes internas;
- Incontinência urinária;
- Deslocamento dos órgãos do andar superior e inferior do abdômen – que, por sua vez, pode precipitar as hérnias da parede abdominal, como hérnias inguinais ou epigástrica;
- Atrofia muscular;
- Fraqueza muscular em regiões como quadris e assoalho pélvico;
- Refluxo e sensação de queimação;
Existem benefícios? Quando é indicado usar?
“Pensando na musculatura, as vantagens desses métodos de compressão são muito poucos comparados aos danos que eles podem provocar. E, a médio ou longo prazo, os prejuízos podem ser ainda maiores que os benefícios proporcionados”, opina o ortopedista.
Pacheco também destaca que os benefícios dos dispositivos de compressão são temporários, eles não podem ser usados na hora de dormir e deve ser respeitado o prazo de uso determinado pelo especialista.
E ainda: os exemplos de recomendação a seguir se referem a coletes e cintas próprias para correção da postura e tratamentos médicos.
- Pacientes com escoliose podem usar colete ortopédico;
- Pacientes com fratura na coluna vertebral ou osteoporose podem usar o dispositivo, “seguindo protocolos que utilizam a imobilização dessas áreas pelo período em que a fratura está em fase de consolidação, ou seja, até ‘colar’ o osso”;
- Pessoas com dores agudas na região lombar;
- Pessoas que precisam de uma melhora postural.
