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FERNANDA MONTENEGRO TOMA POSSE NA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS

Com muita emoção, a atriz Fernanda Montenegro abriu seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras (ABL) na sexta-feira passada citando William Shakespeare, com a frase: “O mundo é um palco e todos nós somos atores nesse palco”. 

Como também, Fernanda exaltou em sua fala a profissão que a consagrou. “Sou uma incansável autodidata. Sou atriz. Venho dessa mítica arte arcaica e eterna. Atores, cenógrafos, dramaturgos. Somos uma raça indestrutível. Somos amorais. Para muitos, ainda somos marginais. Nenhum pai e mãe aceitam um filho, muito menos uma filha, optarem pelo palco. Amadoramente, sim, mas não como profissão”.

A artista, que causou furor em uma ABL lotada, confirmou seu desejo de repaginar o teatro da casa. Além de dizer que gostaria de encenar Simone de Beauvoir e fazer um monólogo autobiográfico. “Uma espécie de Fernanda por ela mesma”, disse. 

Acho que há uma carência cênica no país inteiro. A expressão teatral não morre. Superamos guerras, pandemias. O teatro não morre”.

Gilberto Gil, também presente na cerimônia, celebrou a posse da artista. “Acho que a Academia, desde a sua fundação, tenta se manter em um processo de atualização. Claro que falta ainda muita gente, mas a presença de uma mulher no palco, como Fernanda, deve ser celebrada”. 

Fernanda Montenegro na ABL
Fernanda Montenegro na cerimônia de posse da Academia Brasileira de Letras

A sessão solene marcou a entrada da da atriz de 92 anos na instituição, para a qual foi eleita em novembro do ano passado, contando com 32 votos entre os 35 membros da Academia. No evento, ela saudou em especial Nélida Piñon, sua amiga e secretária-geral da atual gestão da ABL, hoje presidida pelo jornalista Merval Pereira.

Fernanda foi conduzida a sua cadeira de honra da cerimônia de posse pelos acadêmicos Rosiska Darcy de Oliveira, jornalista, e José Sarney, ex-presidente da República, citado pela atriz em seu discurso. Ela também reverenciou Afonso Arinos de Mello Franco, seu antecessor naquela cadeira da Academia, morto em março de 2020. 

Vencedora dos mais importantes prêmios nacionais de teatro e cinema, sendo a única atriz brasileira indicada ao Oscar, por sua atuação em “Central do Brasil”, Montenegro sublinhou com frequência que sua eleição simbolizava a chegada das artes cênicas à casa de Machado de Assis.

Lembrou que o teatro está presente no Brasil há mais de 300 anos e que ela mesma participou da maior parte dessa história no século 20, enfileirando ao longo do discurso os dramaturgos que interpretou, “de Oswald de Andrade a Millôr Fernandes, de Ariano Suassuna a Nelson Rodrigues“.

Há a expectativa de que a atriz promova uma revitalização do teatro da Academia, com leituras de Nelson Rodrigues já confirmadas na programação de abril.

A eleição de Fernanda para a Academia, juntamente com a do compositor Gilberto Gil, foi interpretada como uma guinada na instituição, que estaria buscando se atualizar e ampliar os contatos entre diferentes campos artísticos, como teatro, dança, música, performance e literatura. 

Se é verdade que a Academia Brasileira de Letras nunca se restringiu a abarcar escritores, também se nota um movimento de ampliação de sua popularidade por meio de nomes extremamente célebres como Fernanda e Gil.

Depois dos dois artistas, foram eleitos ainda para cadeiras que estavam vagas o médico Paulo Niemeyer, o advogado José Paulo Cavalcanti e o economista Eduardo Giannetti da Fonseca. 

Para assistir a cerimônia de posse de Fernanda Montenegro, clique aqui: https://www.youtube.com/watch?v=AqCtSIM7Rzs.

Fonte: Folha de S. Paulo

Victoria Mercês
28/03/2022

 

 

 

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